Dr. Victor Engler Tellini e Silva

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O que é Laringite?

A laringite é uma inflamação na mucosa da laringe, uma parte essencial das vias aéreas onde ficam as cordas vocais. Quando a laringe está inflamada, isso pode causar inchaço e congestão, o que altera o funcionamento normal dessa região. Os sintomas da laringite podem variar dependendo da gravidade e do quanto a laringe está comprometida.

A laringite pode ser classificada em duas formas principais: aguda e crônica. A laringite aguda é geralmente mais leve, durando cerca de 8 a 10 dias, e tende a se resolver sozinha, muitas vezes associada a um resfriado ou outra infecção viral. Já a laringite crônica é caracterizada por sintomas que persistem por mais de 3 meses, indicando a necessidade de uma avaliação mais aprofundada.

Quem Diagnostica e Trata a Laringite ?

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O diagnóstico e o tratamento da laringite são realizados pelo otorrinolaringologista, médico especializado em doenças do ouvido, nariz e garganta. Esse profissional é capacitado para identificar as causas da laringite, seja ela aguda ou crônica, e prescrever o tratamento mais adequado para aliviar os sintomas e prevenir complicações. Além de exames físicos e de imagem, o otorrinolaringologista pode recomendar mudanças nos hábitos de uso da voz e tratamentos específicos, dependendo da gravidade e da causa da inflamação.

Laringites Agudas

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Sintomas

  • Em Crianças: A laringite pode ser mais séria. Como as vias aéreas das crianças são menores, qualquer inflamação pode causar dificuldade para respirar, por isso, é preciso estar atento aos sinais.
  • Em Adultos: A laringite costuma ser menos grave, com a rouquidão sendo o sintoma mais comum. A voz pode ficar fraca, áspera ou até desaparecer temporariamente, mas, na maioria dos casos, a laringite aguda não traz grandes complicações.
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O Que é Laringite Alérgica Aguda?

A laringite alérgica aguda é mais comum do que se imagina, mas muitas vezes passa despercebida, sendo confundida com outras causas, como refluxo ácido (DRGE) ou o tabagismo. Esse tipo de laringite ocorre quando uma alergia respiratória desencadeia alterações nas vias aéreas, incluindo a laringe. Isso pode aumentar a secreção de muco nos pulmões e causar mudanças nas membranas que revestem o nariz e a garganta, afetando a qualidade da voz.

Sintomas

Os sintomas da laringite alérgica aguda podem variar, desde uma tosse seca com leve rouquidão até casos mais graves, onde ocorre um inchaço significativo da laringe, que pode dificultar a respiração (dispneia).

Diagnóstico

Para diagnosticar a laringite alérgica aguda, o médico pode realizar:

  • Avaliação Alergológica: Identificação de sinais claros de alergia, histórico de rinite e testes de alergia na pele (prick-test).
  • Observação do Inchaço: Presença de edema agudo na laringe sem outras causas aparentes.
  • Exclusão de Outras Causas: Investigação para descartar outras condições que possam causar os sintomas.
  • Videolaringoscopia: Exame da laringe que pode revelar inchaço das pregas vocais e leve congestão das veias abaixo da mucosa, além de uma fenda irregular durante o fechamento das cordas vocais.
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Tratamento

O tratamento da laringite alérgica aguda envolve:

  • Identificação e Evitação do Alérgeno: Quando o agente causador da alergia é identificado, evitar a exposição pode levar à melhora dos sintomas vocais e das alterações observadas nos exames.
  • Teste Terapêutico: Em casos onde o tratamento para refluxo não está funcionando, pode ser tentado um tratamento específico para alergia, que, se eficaz, confirma o diagnóstico de laringite alérgica.

Epiglotite (Supraglotite): O Que é e Como Tratar

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O Que é Epiglotite?

A epiglotite, também conhecida como supraglotite, é uma inflamação que atinge a epiglote, uma pequena estrutura localizada na parte superior da laringe. Essa inflamação pode ser muito perigosa, pois a epiglote inchada pode bloquear as vias aéreas, dificultando a respiração.

Causas

A principal causa da epiglotite é a infecção pelo Haemophilus influenzae tipo B, uma bactéria que, graças à vacinação, hoje é menos comum. Outras bactérias, como estreptococos, estafilococos e pseudomonas, também podem causar a epiglotite, mas são menos frequentes.

Quem é Afetado?

A epiglotite é mais comum em crianças de 2 a 7 anos, especialmente meninos. Os casos tendem a surgir mais no final do inverno e início da primavera.

Como Acontece a Epiglotite?

Na epiglotite, a inflamação ocorre acima das cordas vocais, na região chamada de supraglote. A glote (onde estão as cordas vocais) e a área abaixo dela (subglote) permanecem normais. A epiglote inflamada fica pesada e pode cair, bloqueando a passagem de ar, o que leva a dificuldade respiratória intensa e dor.

Sintomas

Os sintomas da epiglotite se desenvolvem rapidamente, em questão de 4 a 8 horas. Os principais sinais incluem:

  • Febre alta.
  • Dor ao engolir.
  • Dificuldade em engolir.
  • Dificuldade para respirar (dispneia).
  • Obstrução rápida das vias aéreas.
  • Posição clássica: cabeça inclinada para trás, boca aberta, voz abafada (como se houvesse uma “batata quente” na boca) e estridor (ruído agudo ao respirar).

Diagnóstico

O diagnóstico de epiglotite é feito principalmente através:

  • Exame Clínico: Inclui a avaliação dos sintomas e um exame físico detalhado.
  • Videolaringoscopia: Mostra a epiglote vermelha e inchada.
  • Radiografia: Pode ser utilizada para diferenciar a epiglotite de outras condições, como corpos estranhos na garganta ou laringotraqueobronquite descompensada. A radiografia pode revelar o “sinal do polegar”, uma indicação típica da epiglotite.

Tratamento

O tratamento da epiglotite é uma emergência médica e inclui:

  • Manutenção das Vias Aéreas: A prioridade é garantir que a criança consiga respirar.
  • Medidas Clínicas: Nebulização com epinefrina para reduzir o inchaço e o uso de corticosteróides, como dexametasona, que é potente e tem uma ação prolongada.
  • Antibióticos: São utilizados para combater a infecção. As cefalosporinas de 2ª geração, como a cefuroxima, são a primeira escolha, com a ceftriaxona, uma cefalosporina de 3ª geração, sendo uma alternativa.

Laringotraqueobronquite Viral (Crupe Verdadeiro)

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O Que é Laringotraqueobronquite Viral?

A laringotraqueobronquite viral, também conhecida como crupe verdadeiro, é uma inflamação que atinge a laringe, traqueia e brônquios. Geralmente, é causada pelo vírus Parainfluenza tipo I e tem uma evolução benigna, ou seja, tende a melhorar sozinha na maioria dos casos.

Quem Pode Ser Afetado?

Essa condição é mais comum em crianças de 3 a 5 anos, especialmente em meninos, com uma proporção de 2 meninos para cada menina afetada. O crupe verdadeiro é mais frequente em crianças ao redor de 18 meses de idade.

Sintomas

O crupe verdadeiro começa como uma infecção viral das vias aéreas superiores (IVAS), com sintomas como febre baixa, tosse seca e persistente, que soa como o latido de um cachorro. Em casos mais graves, a criança pode apresentar um som agudo ao respirar, chamado estridor, que pode ocorrer tanto na inspiração quanto na expiração.

Diagnóstico

O diagnóstico é principalmente clínico, baseado nos sintomas e exame físico da criança. Em alguns casos, uma radiografia pode ser feita para diferenciar de outras condições, mostrando um sinal característico chamado “sinal de torre de igreja”.

Tratamento

O tratamento depende da gravidade dos sintomas respiratórios:

  • Casos leves: Podem ser tratados em casa com cuidados simples.
  • Casos moderados: Podem exigir nebulização com adrenalina racêmica, uma medicação que ajuda a abrir as vias aéreas.
  • Casos graves: Exigem monitorização médica e tratamento com corticosteróides, como dexametasona ou budesonida inalatória. É importante observar a criança após o uso da adrenalina, pois o efeito pode ser temporário e seguido de piora.

Antibióticos não são necessários a menos que haja uma infecção bacteriana secundária.

Laringite Estridulosa (Crupe Espasmódico / Falso Crupe)

O Que é Laringite Estridulosa?

A laringite estridulosa, também conhecida como crupe espasmódico ou falso crupe, é uma inflamação da laringe que causa dificuldade respiratória nas crianças. Diferente do crupe verdadeiro, o falso crupe aparece de forma súbita, geralmente durante a noite, sem sinais prévios de doença.

Sintomas

Os sintomas incluem:

  • Tosse rouca que desperta a criança à noite.
  • Respiração ruidosa com estridor (som agudo ao respirar).
  • Sudorese intensa e agitação.
  • Falta de febre (diferente de outras laringites).
  • Retrações (afundamento da pele) acima do esterno ao respirar.

Diagnóstico

O diagnóstico é clínico, baseado nos sintomas. Em alguns casos, pode ser feita uma videolaringoscopia que mostrará um leve edema na área subglótica (abaixo das cordas vocais), mas as cordas vocais estarão normais.

Tratamento

O tratamento para o falso crupe inclui:

  • Umidificação do ar: Pode ajudar a aliviar a respiração.
  • Corticosteróides orais: Para reduzir a inflamação.
  • Agonistas beta-adrenérgicos (como salbutamol): Para ajudar na respiração.
  • Antihistamínicos: Se houver história de alergia.
  • Nebulização com adrenalina: Em casos de comprometimento respiratório severo.
  • Vasoconstritores nasais: Se houver obstrução nasal significativa.

Laringite Catarral

O Que é Laringite Catarral?

A laringite catarral é uma inflamação da laringe que geralmente começa como uma laringite viral, mas que, de forma súbita, se complica com uma infecção bacteriana. As bactérias mais comuns envolvidas são a Branhamella catarrhalis e o Haemophilus influenzae. Em adultos, alguns fatores como tabagismo, consumo excessivo de álcool, uso abusivo da voz e refluxo gastroesofágico podem contribuir para o desenvolvimento da laringite catarral.

Sintomas

Os principais sintomas incluem:

  • Tosse: Inicialmente seca, que evolui para uma tosse com catarro ou muco.
  • Disfonia: Piora na qualidade da voz.
  • Dor ao engolir (diafagia): Desconforto ao engolir alimentos ou bebidas.
  • Globus faríngeo: Sensação de algo preso na garganta.
  • Dor no pescoço (dor cervical): Desconforto na região cervical.
  • Respiração ruidosa (estridor) e dificuldade para respirar (dispneia): Mais raros em adultos devido à anatomia da laringe, mas podem ocorrer em casos graves.

Diagnóstico

Para diagnosticar a laringite catarral, o médico pode realizar uma nasofibroscopia ou videolaringoscopia, que são exames que permitem visualizar o interior da laringe. Esses exames geralmente mostram edema (inchaço) e hiperemia (vermelhidão) na laringe, com placas de pus. Em alguns casos, pode ser feita a coleta do material para cultura, a fim de identificar a bactéria causadora.

Tratamento

O tratamento da laringite catarral envolve o uso de antibióticos de amplo espectro, como cefalosporinas, macrolídeos ou quinolonas, para combater a infecção bacteriana. Além disso, é importante eliminar os fatores que contribuem para a doença, como parar de fumar, reduzir o consumo de álcool, evitar o uso excessivo da voz e tratar o refluxo gastroesofágico, para prevenir recidivas.

Laringite Aguda do Profissional da Voz

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O Que é Laringite Aguda do Profissional da Voz?

A laringite aguda do profissional da voz é uma das principais causas de rouquidão súbita em cantores e outros profissionais que utilizam a voz intensivamente. Esse tipo de laringite ocorre devido ao uso excessivo ou inadequado das cordas vocais, levando a inflamações que podem comprometer seriamente a qualidade vocal.

Sintomas

Os principais sintomas incluem:

  • Pigarro e tosse: Sensação de irritação na garganta e vontade constante de “limpar” a voz.
  • Rouquidão: Mudança na qualidade da voz, que pode se tornar áspera ou fraca.
  • Dor na garganta (faringalgia): Desconforto ao falar ou engolir.
  • Casos graves: Podem ocorrer ulcerações, pequenas hemorragias ou hematomas nas cordas vocais, aumentando o risco de desenvolver fibrose (cicatrizes) e rouquidão crônica.

Diagnóstico

O diagnóstico da laringite aguda do profissional da voz é feito por meio de exames como a videonasofibroscopia e a videolaringoscopia, que permitem avaliar o movimento das cordas vocais e a presença de fendas na glote. Uma característica comum observada nesses exames é a presença de nódulos na zona de turbilhonamento, localizada no terço médio das cordas vocais.

Tratamento

O tratamento envolve:

  • Repouso vocal: Evitar falar ou cantar para permitir que as cordas vocais se recuperem.
  • Hidratação: Beber bastante água para manter as vias aéreas úmidas.
  • Medicação: Podem ser prescritos corticoides orais ou inalatórios para reduzir a inflamação. No entanto, é importante ter cuidado com os corticoides inalatórios devido ao risco de infecções fúngicas. Também podem ser utilizados antitussígenos (para controlar a tosse), vasoconstritores nasais, e inibidores da bomba de prótons (IBPs) se houver refluxo ácido.

O Que Evitar?

  • Anticoagulantes: Podem aumentar o risco de hematomas nas cordas vocais.
  • Descongestionantes orais: Tendem a ressecar as vias aéreas, o que pode piorar o esforço fonatório.
  • Anti-histamínicos: Usar com cautela devido ao efeito sedativo, que pode afetar a performance vocal.

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https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK534871

https://my.clevelandclinic.org/health/diseases/22268-laryngitis

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